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Na escola, são muitas vezes rotulados de "preguiçosos", pois trocam as
letras, tropeçam na leitura, baralham-se nas contas e apresentam um défice de
concentração. Saiba que os problemas de aprendizagem podem ter inúmeras causas
que importa identificar para poder tratar.
Para uma criança que inicia a sua aprendizagem, ler, escrever, calcular, colocam à prova capacidades que até então não estavam necessariamente em evidência.
O que para umas parece fácil, para outras pode constituir um desafio difícil
de superar: letras e números revelam-se verdadeiros obstáculos, travando-as no
desempenho escolar mas também na inserção social. São
crianças com uma dificuldade de aprendizagem.
O que acontece nestes casos é que existe uma discrepância acentuada entre aquilo que se espera delas
e a sua realização escolar, mas que nada tem a ver com
uma disfunção física, associada por
exemplo a um défice de visão ou audição, e também nada
tem a ver com inteligência. As crianças com dificuldades de aprendizagem são
tão inteligentes como as demais. O que têm é um problema que interfere com
algumas das suas capacidades de ordem neurológica que interferem
com a receção, integração e expressão da
informação.
Não existe um único sinal claro e irrefutável que permita identificar as
dificuldades de aprendizagem. Existem apenas pistas, cuja presença deve
funcionar como um alerta, levando pais e professores a unir esforços que
permitam um diagnóstico e uma
estratégia consequente.
Entre os sinais mais evidentes encontra-se a dificuldade em aprender o
alfabeto, em organizar palavras e em associar as letras aos respectivos sons.
Também é frequente que a criança cometa erros quando lê em voz alta, tendo necessidade
de repetir as palavras ou de fazer pausas frequentes.
Pode ainda não compreender o que está a ler e apresentar dificuldades em
soletrar as palavras. Ou confundir os números e outros símbolos
matemáticos.
É comum que uma criança com dificuldades de aprendizagem tenha limitações
quando se trata de expressar por escrito as suas ideias, o que muitas vezes
coincide com uma escrita atabalhoada e um modo incorreto de segurar o lápis ou
a caneta.
Problemas em organizar o pensamento e em encontrar a palavra certa para o que
quer dizer ou escrever são outros dos sinais a considerar, o mesmo acontecendo
com dificuldades na pronúncia ou o uso inapropriado de palavras com sons
semelhantes.
No que toca ao uso social da linguagem, a criança enfrenta dificuldades
acrescidas, parecendo, por exemplo, incapaz de perceber uma piada ou uma ironia,
ou revelando-se inapta para respeitar as regras de uma conversação,
nomeadamente no que toca a esperar pela sua vez de falar.
O que são?
Quando se fala em dificuldades de aprendizagem não se fala numa única
condição, mas sim num conjunto de caraterísticas que se manifestam de forma
diferente em diferentes pessoas.
Em regra, consideram-se quatro situações: dislexia, disgrafia,
discalculia e dispraxia.
A dislexia é porventura a mais comum e mais conhecida das situações que provocam dificuldades na aprendizagem. Corresponde a uma dificuldade em processar a linguagem que afecta sobretudo a leitura e a escrita. Já a disgrafia envolve mais em concreto a expressão escrita, traduzindo-se, por exemplo, numa letra ilegível e na dificuldade em organizar ideias. Quanto à discalculia, prende-se com a matemática, evidenciando-se na dificuldade em memorizar e organizar os números, bem como em apreender conceitos como o tempo e o dinheiro. Finalmente, a dispraxia está relacionada com as capacidades motoras, com a criança a apresentar dificuldade em coordenar os chamados movimentos finos - agarrar num lápis para desenhar ou numa tesoura podem ser tarefas árduas.Esta disfunção pode igualmente envolver a articulação de sons, na medida em que pode haver dificuldade de organizar os movimentos implicados na fala, como os da língua.
As dificuldades de aprendizagem não constituem uma doença, mas são para a vida. Não desaparecem, assim como, não impedem a criança, e mais tarde o adulto, de
alcançar os seus objectivos. Com o devido apoio, é possível ultrapassar os
desafios que se colocam quando se vive a braços com tais dificuldades. Basta
lembrar que Einstein tinha esse
problema.
Com a ajuda de pais e professores, e muito trabalho, uma criança pode ser bem
sucedida na aprendizagem, contornando as dificuldades. Uma vez confirmada a
existência de uma ou mais destas dificuldades, pais e professores devem assumir
a tarefa de se informarem, porque, informados, poderão e saberão ajudar melhor.
E assim fazer toda a diferença na vida da criança.
Nas nossas escolas existe uma sensibilidade crescente para estes casos, muito
embora nem sempre os professores estejam preparados para lidar com a diferença.
Contudo, importa adoptar estratégias de ensino que permitam atenuar a
discrepância entre aquela criança e os demais alunos, bem como reduzir o fosso entre o
que a criança consegue aprender e aquilo que, na realidade, aprende.
Atenção Redobrada
Uma criança com dificuldades de aprendizagem tem uma necessidade educativa
especial. E requer uma intervenção específica que pode passar, nomeadamente, por
dispor de mais tempo para realizar as tarefas ou de realizá-las faseadamente, de
modo a assimilar as diferentes instruções. Em casa, a criança pode necessitar
também de mais tempo para realizar os trabalhos, pelo que esta deve ser uma
prioridade no final das aulas.
E por cada tarefa concluída com sucesso, um elogio é sempre bem recebido, permitindo acalmar os sentimentos de frustração que naturalmente emergem desta dificuldade.
E por cada tarefa concluída com sucesso, um elogio é sempre bem recebido, permitindo acalmar os sentimentos de frustração que naturalmente emergem desta dificuldade.
A frustração é, aliás, um sintoma que deve merecer a máxima atenção dos
adultos. É que não ser capaz de expressar as suas ideias, traduzindo-as em
palavras orais ou escritas, não ser capaz de desempenhar algumas tarefas, ter
dificuldades em perceber o que os outros dizem ou em integrar-se numa conversa
pode ser frustrante. No grupo de pares, estas dificuldades nem sempre
são percebidas, pelo que a criança pode ser vítima de brincadeiras de mau gosto.
Uma criança com dificuldades de aprendizagem precisa de muito apoio para superar a diferença. Mas não é uma criança condenada ao insucesso: apenas precisa de se esforçar mais.
Não se devem tratar as dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas impossíveis de resolver. Mas antes, como desafios que fazem parte do próprio processo da aprendizagem.
Artigo retirado e adaptado do site: